Vida boêmia - Fábio Bolba


Fumo e bebo quantias satisfatórias,
Boêmio perdido, resultante de uma decepção,
Num lento trago a derradeira rogatória,
Num longo gole um brinde a solidão.

Vivo os prazeres dessa existência airada,
Aspiro vícios que no fundo me salvaram,
Sou resquícios de uma vida outrora regrada,
O excedente das dores que me moldaram.

Vadio, com estórias vergonhosas,
Sou amante da noite, refém da ocasião,
Descrevo em versos, também em prosas,
Trajes sórdidos do que restou da emoção.

Eloquente orador que aos poucos perde a voz,
Suicida confesso, que nem sempre foi assim,
De coração partido por um sentimento atroz,
Apegado aos vícios que cuidaram de mim.

Sou jardim que há tempos não pode mais medrar,
Ressequido e cheio de espinho sem chamar atenção,
Envolto nas consequências de para o amor se entregar,
Não posso mais amar, pois há tempos levaram meu coração.


                                    Fábio Bolba

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