Neste momento - Fábio Bolba


Poderia entregar-me novamente à emoção,
E soluçante implorar mais uma vez teu olhar,
E em prantos enumerar mil razões,
Aflorando a parte mais frágil do meu ser.

Mas, neste momento prefiro não chorar,
Prefiro esconder minha sensibilidade mais uma vez,
Lágrimas banais não te fariam pensar,
Lágrimas tolas não tocariam teu coração.

Poderia descrever em versos minha dor,
E em toda vastidão do meu vocabulário,
Mil declarações de amor escrever-lhe,
Exaltando todos os pormenores do meu sentimento.

Mas, neste momento prefiro o silêncio,
Qualquer palavra dita perder-se-ia pelo ar,
Como folhas secas caídas pelo chão,
Desmerecendo a inspiração que as originou.

Poderia dizer que tua amizade bastaria,
Que neste momento meu sentimento é irrelevante,
Que sempre estaria vago meu ombro fraterno,
Cada vez que sofresse outra desilusão.

Mas, neste momento prefiro a distância,
Sem sequer sinais de tua existência,
Prefiro a dor de nunca mais vê-la,
A dor de vê-la nos braços de outra pessoa.

Poderia tornar o tempo obsoleto,
Esperar que o mundo conspirasse a favor,
E alimentando esse amor com migalhas de saudades,
Esperar que o mesmo tempo trouxesse outra chance.

Mas, neste momento prefiro esquecer,
Mesmo que tenha que arrancar do meu peito,
Prefiro fazer-me indiferente a tudo que vivemos,
A acreditar que o tempo pode mudar essa história de amor.

                                         Fábio Bolba
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Antes um adeus... - Fábio Bolba


Antes um adeus...
Que uma eternidade de sonhos,
Que se quebram ao primeiro obstáculo,
Que sucumbem ou são substituídos,
Por um novo desafio vazio, sem interesse real.

Antes um adeus...
Que uma debandada de bobagens românticas,
Que iludem com justificativas e insignificâncias,
Que distorcem o que é maculado,
Por vaidade ou um prazer demente.

Antes um adeus...
Que mil rosas vermelhas colhidas,
Que falariam por outrem desprovido,
Que ao passar o terceiro dia morreriam,
Perdendo a beleza num fim anunciado.

Antes um adeus...
Que um monte de poemas de amor sem sentido,
Que saem dum coração que já não bate mais,
De quem nunca conheceu um amor verdadeiro,
Ou o confundi com o comercial de um dia junino,
Antes um adeus...
Que um sorriso ou um abraço falso,
Que uma vã demonstração de superioridade,
De alguém que potencialmente nem queria estar aqui,
Numa distorção da percepção da realidade.

Antes um adeus... 
Que dezenas de alegrias fictícias,
Que passam como brisa, repentinamente,
Que nem deixam marcas reais de que de fato existiram,
Ou que revelam a dificuldade em se fazer sorrir.

Antes um adeus... 
Que uma vida de realizações convencionais,
Que apenas um condicionamento a situação,
Que a fidelidade ao medo de ariscar e perder,
Que lhe faz covarde e mesmo infeliz, nunca querer partir.

Antes um adeus...
Que milhares de palavras pérfidas,
Que milhares de promessas fúteis,
Que mentiras que ferem sem sangrar,
Antes tivesse a dignidade de dizer apenas, adeus.


                      Fábio Bolba
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Existem certas coisas... - Fábio Bolba


Existem certas coisas...
Que não cabem numa palavra.
Que não cabem num verso.
Que não cabem numa poesia.

Existem certas coisas...
Que não cabem numa estrofe.
Que não cabem numa melodia.
Que não cabem numa música.

Existem certas coisas...
Que não cabem numa idéia.
Que não cabem numa ilusão.
Que não cabem num sonho.

Existem certas coisas...
Que não cabem num coração.
Que não cabem numa alma.
Que não cabem num sentimento.

Existem certas coisas...
Que não cabem num nome.
Que não cabem num peito.
Que não cabem numa vida.

Existem certas coisas...
Que não podemos entender.
Que não podemos explicar.
Que podemos apenas sentir e nada mais.


                                     Fábio Bolba
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