Andanças - Fábio Bolba


Vou te contar das andanças que tive,
Dos caminhos por onde passei,
Das incertezas que um transeunte vive,
Do acalento dos braços que descansei.

De um tempo onde o futuro não se sonhava,
E o passado era apenas um passo recente,
Onde o agora era toda a vida, e isso bastava,
Onde viver é dádiva, por isso se chama: Presente!

Do sol a pino e das veredas sem fim no horizonte,
Do frio das noites em que no relento estive sozinho,
Da saudade em lágrimas que se vertiam em fontes,
De cada sorriso sincero que cruzei pelo caminho.

De um tempo em que sempre se rumava ao norte,
Sem receios de viver e se entregar a cada sentimento,
Tendo por única certeza da vida, a própria morte,
E a obrigação de fazer por merecer e valer cada momento.

De quando mais valia cada ensejo que a vida propunha,
Mesmo nos tropeços e dissabores que tanto faziam amadurecer,
De cada passo solitário, dos amores tendo a Lua por testemunha,
Da certeza que nem mesmo a morte tiraria as lembranças de viver.


                                                          Fábio Bolba
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Contradições - Fábio Bolba


Se fico, te faço infeliz,
Se parto, ajo com maldade,
Se falo, escapa o que não quis,
Se calo, oculto a verdade.

Se dou um passo afrente, invado o espaço,
Se dou um passo atrás, invento a distância,
Se elogio, logo causo embaraço,
Se reclamo, não tenho tolerância.

Se sorrio, ainda sou infantil,
Se escapa uma lágrima, sou melancólico,
Se estou em nostalgia, sou hostil,
Se estou humorado, sou alegórico.

Se pego tua mão, ultrapasso a zona,
Se a solto, simplesmente desaparece,
Se falo em casamento, sou cafona,
Se sou indiferente, enlouquece.

Se quero o mundo, sou utopista,
Se não quero nada, sou displicente,
Se peço atenção, sou egoísta,
Se digo para esquecer, sou intransigente.

Se vivo pelo amor, vivo de ilusões,
Se não vivo por ele, sou mero covarde,
Se me aproximo, provoco convulsões,
Se me afasto, reinvento a saudade,

Se corro pra ti, sou fugaz,
Se corro de ti, sou presunçoso,
Se nego me entregar, te tiro a paz,
Se me entrego, o fim é doloroso.

Se quero o prelúdio, sou pouco ousado,
Se quero o propósito, sou insensato,
Se quero a lembrança, sou menino mimado,
Se quero o horizonte, sou homem ingrato.

Se não estou por perto, pouco se importa,
Se estou, sou tratado como ádvena,
Se saio, reclama e tranca a porta,
Se volto, faz drama e me condena.

Se tento um carinho, nunca é certa a hora,
Se nego um pedido, mereço castigo,
Se peço amor, simplesmente ignora,
Se desisto de tudo, é por que eu não ligo.

De tristeza exponho meu sentimento,
Na certeza que amaria mais que qualquer pessoa,
Mas, certas coisas não mudam nem com o tempo,
Certos hábitos fazem do esforço, algo à toa.

São tantas tuas manias e contradições,
Que se perdem dentre tuas destrezas,
E ainda diz que no amor não existem razões,
Ou seria por orgulho que esconde tuas fraquezas?


                      Fábio Bolba
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