Preso ao colapso urbano,
Sem vontade de seguir adiante,
Paro em meio à multidão,
Esperando o sinal abrir.
Talvez espere por mais de uma hora,
O tempo hoje está nublado,
Reflete meu terno de cor cinzenta,
Abafa o som dos pensamentos alheios.
Sou mais um na pluralidade,
Sinto que sou um grão de areia na ampulheta da vida,
Que brinca de ser o tempo,
Que dita às batidas do meu relógio.
Sufocado, sento-me no meio-fio,
Naquele mormaço, apenas aguardo,
Sou a angústia da minha própria espera,
Esperando pela brisa que chega de hora em hora.
As nuvens fazem seu coito celestial,
Numa confluência de tons nebulosos,
Que excitam minha pulsação,
E cativo, apenas observo o ato.
A precipitação inunda o afasto,
Sua abundância embaça meus ponteiros,
Levanto-me encharcado pela chuva,
Sentindo-me ainda mais aprisionado pelo tempo.
Refém do colapso.
Do sinal.
Refém da pluralidade.
Da areia.
Refém da ampulheta.
Do meio-fio.
Refém do mormaço.
Da angústia.
Refém da espera.
Da brisa.
Refém da chuva.
Dos ponteiros.
Refém do tempo.
Do tempo...
Fábio Bolba
sem palavras... qualquer elogio que eu fizer vai ser pobre perto dessa obra de arte... ameiiii!
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